segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

The curator





Tinha uma caixa de cheiros. 
Coleccionava essências destiladas da passagem das mulheres e homens na sua vida. Nem todos o faziam sorrir, mais ainda pesava-lhe senti-los delir sem que tivesse consentido deixá-los desmaiar ou transmutar em eflúvios amarelecidos a cheirarem a nada, anódinos. Resolveu como substituto coleccionar sons, gravar campainhas de porta, atendedores de chamada, ranger das camas, a cadência única de um passo…

Perguntou-me se achava isto patético. Achei que não. Ouvindo-o, imaginei que poderia orquestrar-te com vários recursos numa vibrante variação.






Sem comentários:

Enviar um comentário