segunda-feira, 8 de junho de 2020

Same Same But Different


Ontem almocei com o Antero. Quis almoçar comigo para me contar que se quis matar.
Que era verdade. Que a vida não tinha diagramas com saídas de emergência, nem pontos de encontro, nem salvadores vestidos de neoprene vingador.  Que não havia V.2, nem próximos capítulos; que a morte era o fim-último para viver agora;  que acabar era libertador, sem fé para recomeçar noutro lado. Que ficou internado três meses numa clínica psiquiátrica para redescobrir que amanhã tem dias e outras variações ao nome. Tivera Renato morrido, não veria a sua cabeça torrar ao sol de uma tarde de Outono em Lisboa, à volta de um prato de percebes e croquetes com mostarda.

Culpa e glória da química e dos seus mícrons entre avaria e êxtase.