Ontem almocei com o Antero. Quis almoçar comigo para me contar que
se quis matar.
Que era verdade. Que a vida
não tinha diagramas com saídas de emergência, nem pontos de encontro, nem
salvadores vestidos de neoprene vingador. Que não havia V.2, nem próximos capítulos; que
a morte era o fim-último para viver agora; que acabar era libertador, sem fé para
recomeçar noutro lado. Que ficou internado três meses numa clínica psiquiátrica
para redescobrir que amanhã tem dias e outras variações ao nome. Tivera Renato
morrido, não veria a sua cabeça torrar ao sol de uma tarde de Outono em
Lisboa, à volta de um prato de percebes e croquetes com mostarda.
Culpa e glória da química e dos seus mícrons entre avaria e
êxtase.
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