Estou a caminho.
Espero-te ali,
depois de virar aquela curva com relevé centrífugo e sair disparada até
ricochetear no teu peito que amortece o golpe por onde deslizo em refluxo a
ressacar no teu ombro. Queria-o esponja e ensopá-la. Que não a espremesses para
não perderes uma gota de mim, as que contêm os meus seminais, desovas da minha
penumbra. Fazeres delas lago. Beijo-te com as duas mãos a
emoldurar-te o rosto, a atracá-lo ao meu como barca a pontão. Olhar-te os olhos
verde-algas, deixá-las amarrar-me as pernas os braços, afundar-me em oblívio e
ganhar guelras para respirar no teu fundo denso. Alapar-me e ser levada na
corrente, tirares-me o peso, amoleceres-me a casca e me deixares esvoaçar como
medusa. Acolhe-me e alimenta-me de plâncton, dos ínfimos pequenos tudos. Abro e
fecho a boca como peixe sem som, inundo-a de ar, transformo-me em bolha e espero
que me entendas no meu ir e vir sem nexo, ensandecido por ter passado para
dentro dela por osmose a rodar como ponteiro contra o tempo em voltas ao avesso
num aquário em forma de malga.
Olha-me com lupa, de perto, e vê-me
gesticular lá dentro a olhar-te por uma grande angular que te transforma num
grande nariz e rio-me por to querer mordiscar enquanto espero que me inspires.
...Se me espirrares, volta por
favor num redondinho, ao princípio do texto.
Photo by Peter Lippmann
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