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Veio um convite.
Sabia que o era porque lia “Convite” em letras redondas empoladas a prata. Tinha uma flor de tecido numa fita de cetim a colar-lhe as pontas, como lacre. Abriu-o como quem abre um cubo com sustos, que encerram um palhaço tirano com fome de espantar. Estava vazio de letras ou insinuação. Não tinha onde, quem e porquê. Não havia remetente, ementa ou Porto de Honra, não tinha como trajar, ou quando ir.
Incomodou-o.Depois veio uma caixa.
Descobriu que não o era porque quando desembrulhou o papel pardo, viu que tinha forma de caixa mas não tinha tampa ou abas para abrir. Sentou-se.
Recebeu ao terceiro dia um copo de vidro grosseiro com uma palhinha em celofane. Encheu-o de água, soprou e deixou as mágoas borbulhar em jacuzzi.
Esperou e não chegou mais nada. Um ano depois, recebeu um espelho partido.
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