Saudades.
As minhas crescem por ti, por vezes num ruído silencioso que ensurdece. É um subsom abafado que me distrai e me transporta para lá. Lá onde há cheiro de ti, para te desfolhar em álbum, separando as partes de um todo em câmaras que sabem a migalhas pela vontade do bolo; são sopros quentes que derretem gelos que chovemos salgados na tentativa de os obrigar a evaporar num eterno retorno. Tu, decantado pelos meus dedos, colhido nas minhas mãos em taça.
As minhas crescem por ti, por vezes num ruído silencioso que ensurdece. É um subsom abafado que me distrai e me transporta para lá. Lá onde há cheiro de ti, para te desfolhar em álbum, separando as partes de um todo em câmaras que sabem a migalhas pela vontade do bolo; são sopros quentes que derretem gelos que chovemos salgados na tentativa de os obrigar a evaporar num eterno retorno. Tu, decantado pelos meus dedos, colhido nas minhas mãos em taça.
Segue, mas quando puderes volta aqui por um instante. Instala-te numa sinapse e viaja no meu sonho. Deixa a porta encostada enquanto sais de mansinho num expirar. Não me acordes. Eu ia gostar muito de te rever.
Um ano antes: A esta hora já te abriram uma janela no crâneo. Ouvi dizer que seria um quadrado. Uma janela quadrada, com vista para uma cordilheira cinzenta. Dizem que o cérebro é cinzento, sempre gostei do teu. Acho que tens um bom cérebro e também gosto de cordilheiras. Gosto que estejam a tratar bem dele agora. Dentro de horas deixas ser uma potencial ameça se entrasses na Vista Alegre do Chiado.
Fotografia: Ash,
by Peter Lippmann
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